sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Os 10 melhores filmes de Hitchcock


p. s. esta lista já é algo antiga. já não concordo com ela

10 Rope (1948)


Um dos filmes de Hitchcock com mais suspense. Até deve causar nervos para alguns. Será que os convidados descobrirão que existe um cadáver na arca?






Rear Window (1954)

Amado por tanta gente e um dos mais conhecidos filmes de Hitchcock, Rear Window cansa-me um bocado (principalmente por raramente saírmos do apartamento de James Stewart). Mas vá. O filme é de valor cinematográfico inquestionável. É pura metáfora do cinema, como críticos têm designado. E, claro, a presença de Grace Kelly é maravilhosa. Nunca a vi tão bonita.





Notorious (1946)

Este filme amado por tantos é o mais conhecido de entre os três filmes que Ingrid Bergman fez com Hitchcock. A cena em que Ingrid tenta retirar a chave da vista de Alex é brilhante.





Marnie (1964)

Se antes era um filme menor de Hitchcock, Marnie tem vindo a escalar uma longa montanha, tornando-se um filme bastante conhecido. E com todo o direito. É uma maravilha. Em termos académicos, posso-vos dizer que é bastante estudado. Um filme crucial na teoria fílmica feminista. "Tippi" Hedren sai-se bem. Temos de ver que a loira não tinha grande experiência como atriz e que o papel dela no filme é bastante exigente. A cena da trovoada é que está forçada. Que gestos ridículos que ela faz. Mas vá lá. O beijo em close-up compensa tudo. O James Bond Sean Connery está muito bem. Não sei porque é que há quem não ache.





Psycho (1960)

Provavelmente o filme mais icónico de Hitchcock, Psycho é uma maravilhosa aventura. Repleto de suspense, o filme é um paradigma nos meios académicos. Experimentem ver a cena do duche sem a música magnifica de Hermann. Fica um assassinato mais duro, mais cruel. Mesmo assim, eu prefiro a cena com música.




The Birds (1963)

Desde que o vi que me apaixonei por este filme. Eu sei que não é a melhor história de Hitchcock. Mas é o filme que mais interpretações gera, precisamente por não se saber porque razão os pássaros atacam. Quando vejo The Birds com alguém, as pessoas ficam um pouco desiludidas por não saberem porque razão os pássaros atacam. Eu entendo mas eu gosto desse mistério. O final feliz, mas não muito feliz, é incómodo. O som cada vez maior dos pássaros até o ecrã ficar negro parece um presságio de que o mundo não se irá livrar do ódio das aves assim tão facilmente.




Shadow of a doubt (1943)

Primeiro filme que vi de Hitchcock. E nem sabia que era dele. Eu mal o conhecia na altura. Achei-o poderoso, repleto de suspense. Josheph Cotten está muito bem no típico vilão sofisticado e provavelmente homossexual de Hitchcock.



Suspicion (1941)

Quando vi este filme pela primeira vez achei-o simplório para um filme de Hitchcock. E o final um horror. Todavia, o filme suscitou-me uma vontade de o ver constantemente. Cada vez gosto mais dele. A dúvida que paira em Joan Fontaine e no espectador é aterradora. O seu marido será um assassino? Por mais que goste de Joan Fontaine, sendo que ela ganhou o óscar por este filme, a maior estrela é Cary Grant. Ele é capaz de criar uma ambiguidade maravilhosa sobre a sua personalidade? Será um assassino ou apenas um irresponsável preguiçoso? O final, ainda que feliz, é ambíguo.






2 Rebecca (1940)

Hitchcock chegou a Hollywood e brindou-nos logo com este clássico do cinema. Rebecca é uma maravilha. Então o início com a Joan Fontaine a descrever o seu sonho à medida que passamos um portão e caminhamos por um caminho sombrio até chegar à bela Manderley é um delícia.




1 Vertigo (1958)




Não é um resultado original, bem sei. Mas Vertigo é uma maravilha. A todos os níveis. A cena em que Kim Novak sai da casa de banho é a minha cena favorita do cinema. A obsessão em que entramos juntamente com James Stewart é única. Há quem me diga que o filme é muito parado. Duas pessoas com quem eu vi o filme adormeceram mesmo, sem ver a cena do flashback. Pelo menos uma dessas pessoas, acabou por ver o filme como se não soubesse que Judy fora Madeleine. Descobriu tudo no final do filme, ao mesmo tempo que Scottie. É o efeito surpresa de Hitchcock. O realizador prefere o suspense que é fabricado quando o espectador sabe, antes da personagem, a situação desfavorável em que esta se encontra. Em relação à surpresa, o espectador sabe ao mesmo tempo que a personagem. O efeito surpresa é mais fraco pois só causa tensão, ao contrário do suspense, durante pouco tempo.
Este filme é uma adaptação cinematográfica do livro D'entre les morts dos escritores franceses Pierre Boileau e Thomas Narcejac, o qual conta a história de um homem que, obcecado por uma falecida por quem se apaixonara, obriga uma outra mulher a aparentar-se e a comportar-se como ela. Apesar do argumento do filme ter como base a história de um livro, há uma diferença substancial entre ambos. Só no final do livro é que o leitor descobre, ao mesmo tempo que o protagonista da história, que a mulher por quem este se apaixonou e aquela a quem ele obrigou a comportar-se como a sua falecida amada são a mesma pessoa. Ao contrário do que acontece no livro, Hitchcock, enquanto realizador, decidiu proceder de outra maneira: antes do protagonista descobrir toda a verdade, é revelado aos espectadores que as duas mulheres são, na verdade, a mesma pessoa. Sendo Hitchcock o “mestre do suspense”, compreende-se porque razão foi feita esta alteração. Se se reparar, no final do livro há uma surpresa, no sentido em que é revelado ao leitor algo que ele não esperava (as duas mulheres são, afinal, uma só). No entanto, no filme, com a alteração introduzida pelo realizador, o que há é suspense e não surpresa. Segundo Hitchcock, de forma a ser criado suspense, o público deve saber primeiro que a personagem a situação desfavorável em que esta se encontra. E é isto que acontece ao assistir-se a Vertigo. O público passa a saber, muito antes de Scottie, que a mulher que este tanto amou e que morreu ao cair do campanário é, na verdade, a mulher que este, posteriormente, obriga a imitar a sua falecida amada. Os espectadores passam a saber disto através de um flashback de Judy, o qual é revelador de que ela fingiu ser Madeleine. A partir desse momento, os espectadores encontram-se em suspenso face ao que acontecerá com Scottie. Ficam intrigados, inquietos e ansiosos por quererem saber se este descobrirá ou não a verdade e, caso descubra, qual será a sua reação face ao facto de ter sido vítima de uma complexa mentira. Começam a perguntar “O Scottie descobrirá a verdade?” ou “Como é que ele irá reagir?”. Como foi visto, a atenção do público é totalmente captada pelo filme e os espectadores são envolvidos profundamente na trama, verificando-se a ideia defendida por Hitchcock e Truffaut de que a criação de suspense leva à participação no filme. Sobre o que aqui é dito, Hitchcock afirma precisamente que no filme, ao contrário do que acontece no livro, o público possui a informação, sendo que, portanto, “criámos um suspense fundado na interrogação: Como reagirá James Stewart quando descobrir que ela lhe mentiu e que efectivamente é Madeleine?” (Truffaut 1974, 210). 
Eu amo o tom contemplativo do filme. Acho tão hipnotizante. Não é uma seca. É beleza, obsessão.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

As loiras geladas de Hitchcock

p. s. esta lista já é velhinha. já não concordo com ela





Alternativas às loiras sexualmente explicitas como Marilyn ou Jean Harlow, as loiras geladas de Hitchcock são reservadas, frias, elegantes e com o seu sex appeal disfarçado e escondido. Como o próprio Hitch disse na entrevista com Truffaut:

"A.H. Cuando abordo cuestiones sexuales en la pantalla, no olvido que, también ahí, el suspense lo es todo. Si el sexo es demasiado llamativo y demasiado evidente, no hay suspense. ¿Por qué razón elijo actrices rubias y sofisticadas? Buscamos mujeres de mundo, verdaderas da- mas que se transformarán en prostitutas en el dormitorio. La pobre Marilyn Monroe tenía el sexo inscrito en todos los rasgos de su persona, como Brigitte Bardot, lo que no resulta muy delicado.

F.T. Es decir, usted desea ante todo conservar una paradoja: ¿mucha reserva aparente y mucho temperamento en la intimidad?

A.H. Sí, y creo que las mujeres más interesantes, se- xualmente hablando, son las mujeres británicas. Creo que las mujeres inglesas, las suecas, las alemanas del Norte y las escandinavas son más interesantes que las latinas, las italianas o las francesas. El sexo no debe ostentarse. Una muchacha inglesa, con su aspecto de institutriz, es capaz de montar en un taxi con usted y, ante su sor- presa, desabrocharle la bragueta.

F.T. Comprendo muy bien su punto de vista, pero no estoy seguro de que la mayoría comparta sus gustos. Me parece que al público masculino le gustan las mujeres de aspecto muy carnal y esto queda confirmado por ciertas mujeres que llegaron a ser estrellas, aunque sólo rodaban casi siempre malos films, como Jane Russel, Marilyn Monroe, Sophia Loren, Brigitte Bardot; me parece, por tanto, que la gran masa del público aprecia el sexo evi- dente o, como usted dice, «inscrito en el rostro»."


Apresento o top das loiras de Hitchcock por ordem crescente em termos da minha preferência.

10 Vera Miles



Vera não é uma atriz muito conhecida, mas é muito provavelmente uma das loiras favoritas de Hitchcock, não tivesse ela feito dois filmes do mestre do suspense (um deles um clássico inesquecível): The wrong man (1956) e Psycho (1960). Ok, o primeiro filme é pouco badalado e em Psycho ela não é protagonista (embora deva aparecer o mesmo ou mais que Janet Leigh). Vera podia ter sido a atriz que faria parte do elenco daquele que é o melhor filme de todos, Vertigo. Ela era a primeira escolha. Acontece que engravidou e, sorte da Kim Novak, foi esta a estrear o filme.

Palavras de Hitch:

"A.H. La «Paramount» estaba de acuerdo. Lo que ocu- rrió fue así de sencillo: quedó embarazada, poco antes de rodar el papel que la iba a convertir en una estrella. Luego, perdí el interés por eUa, ya no tenía el mismo ritmo.

F.T. Sé que en muchas entrevistas se ha quejado usted de Kim Novak, pero, sin embargo, la encuentro perfecta en la película. Correspondía muy bien al papel, sobre todo a causa de su lado pasivo y bestial."


9 Eva Marie Saint



Pouco conhecida, mas fez duas obras primas: North by Northwest (1959) e  On the Waterfront (1954), de Elia Kazan. A angelical Eva teve a oportunidade de fazer de femme fatal em North by Northwest e que bem se saiu.

8 Doris Day



A mocinha virginal e adorável teve um desempenho de tirar o chapéu. Quem diria que a aparentemente ingénua Doris faria um papel dramático tão bem executado. Ela está maravilhosa em The man who knew too much (1956). No seu papel de mãe preocupada, Doris está perfeita, especialmente no momento em que descobre que o seu filho desapareceu. E o grito que dá no Albert Hall é de uma emoção sem precedentes. Ah! Claro. Já para não falar da sua doce voz a cantar a canção Que sera, sera, ganhadora do óscar.


7 Madeleine Carroll



Nem sempre considera uma loira de Hitchcock, a verdade é que Madeleine é das mais atrizes mais loiras que entrou nos filmes do realizador. Integrou o mais conhecido filme de Hitchcock dentro daqueles que compõem a sua fase britânica: The 39 steps (1935).


6 Janet Leigh


Não me parece que Janet Leigh seja a loira mais conhecida e preferida de Hitchcock, mas ela participou no filme mais conhecido do realizador, Psycho. Já para não dizer que fez uma das cenas mais famosas do cinema, o assassinato no duche. Atriz competente, esta mulher a comunicar em entrevistas é uma maravilha. Tem o dom do saber estar e falar. Gostou de trabalhar com Hitchcock, desmentindo que ele não a forçou a levar com água fria do chuveiro.



5 Grace Kelly



Muito seguramente, a loira favorita de Hitchcock. De beleza estonteante, Grace Kelly participou em três filmes do realizador. Um deles é um dos seus filmes mais reconhecidos: Rear Window (1954). A mais típica loira gelada: elegante, sofisticada, recatada mas, por trás disso, uma mulher atrevida. O seu papel em To cath a thief (1955) revela isso mesmo. Tão elegante e, de repente, quando não está na companhia da sua mãe, beija Cary Grant. O seu primeiro filme com Hitchcock foi Dial M for Murder (1954), onde, a meu ver, tem o seu melhor desempenho de entre os três filmes. Embora não seja um dos grandes filmes do mestre do suspense, parece-me que esta película tem vindo a tornar-se cada vez mais valorizada.


"A.H. Es posible, pero usted mismo dice que no pueden rodar más que películas malas. ¿Por qué? Porque con ellas no puede haber sorpresa, y por tanto, buenas esce- nas; no se produce con ellas el descubrimiento del sexo. Observe el comienzo de To Catch a Thief. Fotografié a Grace Kelly impasible, fría, y casi siempre la presento de perfil, con un aire clásico, muy hermosa y muy glacial. Pero cuando circula por los pasillos del hotel y Cary Grant la acompaña hasta la puerta de su habitación, ¿qué hace? Hunde directamente sus labios en los del hombre.

F.T. Es cierto, porque se esperaba todo excepto eso; pero creo, sin embargo, que esa teoría del erotismo he- lado es algo que usted consigue imponer a pesar de la inclinación natural del público, al que le gusta ver de en- trada muchachas fáciles."


4 "Tippi" Hedren



A última loira de Hitchcock, "Tippi" Hedren fez dois filmes do realizador que são uma autêntica maravilha: The Birds (1963) e Marnie (1964). A carreira de "Tippi" basicamente se resume a estes dois filmes. Pode ter uma carreira curta, mas tem logo dois grandes filmes e logo realizados pelo talentoso Hitchcock. Desentendimentos com o realizador levaram a que ela não conseguisse continuar a fazer filmes. Embora The Birds seja mais conhecido que Marnie, o seu papel neste último filme é muito mais complexo e interessante.

3 Ingrid Bergman



A esplêndida Ingrid fez três filmes com Hitchcock: Spellbound (1945), Notorious (1946) e Under capricorn (1949). Se Grace foi a loira principal nos anos 50, Ingrid ocupou esse lugar nos anos 40. Não tendo visto o último filme de entre aqueles que fez com Hitchcock, o meu favorito é o muito consagrado Notorious. Confesso que não é dos meus favoritos.Spellbound aborrece-me.


"A.H. No, no sentía ninguna admiración especial por ese libro y nunca le hubiera escogido para adaptarlo, si no me hubiera parecido adecuado para Ingrid Bergman. En aquella época, Ingrid era la estrella más importante de América y yo había hecho dos películas con ella: Spellbound y Notorious. Entre los grandes productores americanos había entonces una gran competencia por con- tratarla y debo confesar que cometí el error de pensar que lo más importante para mí era tener a Ingrid Bergman. Era una victoria en relación con la industria. Toda mi conducta en este asunto fue culpable y casi infantil. Aunque la presencia de Ingrid en la película debía con- vertirla en un acontecimiento comercial, resultaba tan costoso que no era aconsejable. Incluso desde un punto de vista comercial, debí considerarlo con más cuidado, y, así no me hubiera gastado más de dos millones y medio de dólares para esta película, pues entonces era mucho dinero."

2 Joan Fontaine



Tão bela, frágil, encantadora, irresistível. Que beleza frágil! A eterna heroína de Rebecca (1940), Joan Fontaine é a primeira loira de Hitchcock da sua fase americana. Fez dois filmes maravilhosos com o realizador, sendo  o seu segundo intitulado de Suspicion (1941). Foi a única atriz que ganhou o óscar de melhor atriz por ter trabalhado num filme do mestre do suspense. Embora o seu desempenhou em Rebecca seja mais conhecido e superior ao feito em Suspicion, Joan Fontaine, nomeada pelos dois filmes, só ganhou o óscar com Suspicion. Acredita-se que esse prémio foi uma forma de compensar a sua perda pelo seu desempenho em Rebecca.


"A.H. Mientras preparábamos Rebeca, Selznick insistió en que hiciésemos pruebas con muchas mujeres, cono- cidas o desconocidas, con objeto de encontrar la protagonista. Mi opinión es que lo hacía como una forma de renovar la operación publicitaria que presidió la elección de Scarlet O'Hará. Convenció a todas las grandes estrellas de Hollywood para que se hicieran pruebas para el papel de Rebeca, y a mí me resultaba muy embarazoso someterme a esta prueba de mujeres que yo sabía por adelantado que no podían interpretar el papel. Desde las primeras pruebas con Joan Fontaine, yo sabía que era la que más se acer- caba al personaje. Al comienzo de Rebeca, percibía que era poco consciente de sí misma como actriz, pero veía en ella posibilidades para una interpretación controlada y la suponía capaz de dar vida al personaje de una manera tranquila y tímida. Los primeros días se hacía demasiado la tímida, pero presentí que llegaríamos donde yo quería, y llegamos."


1 Kim Novak




A mais bela e aquela que, a meu ver, tem o maior desempenho de entre as loiras de Hitchcock, juntamente com Joan Fontaine em Rebecca. Tendo integrado Vertigo, Kim Novak conheceu o seu maior filme e papel. É conhecido o desentendimento inicial entre ela e o realizador devido ao guarda roupa.

"A.H. La «Paramount» estaba de acuerdo. Lo que ocu- rrió fue así de sencillo: quedó embarazada, poco antes de rodar el papel que la iba a convertir en una estrella. Luego, perdí el interés por eUa, ya no tenía el mismo ritmo.
F.T. Sé que en muchas entrevistas se ha quejado usted de Kim Novak, pero, sin embargo, la encuentro perfecta en la película. Correspondía muy bien al papel, sobre todo a causa de su lado pasivo y bestial."